MUITO ALÉM DOS PARTIDOS

MUITO ALÉM DOS PARTIDOS

Muito Além dos Partidos

A sociedade brasileira vivencia uma mudança de comportamento e isso se verificou nos movimentos apartidários de junho de 2013, bem como nas manifestações do último dia 15/03, a qual, segundo números oficiais, levou mais de dois milhões de pessoas às ruas, clamando por mudanças no cenário político do país. 

Ficou claro que o clamor popular não tem vinculação à qualquer agremiação político-partidária e é isso o que mais chama a atenção. O povo foi às ruas para exigir que os atuais paradigmas sejam deixados para trás. Ninguém mais tolera administradores públicos que chegam ao poder para saciar a fome de seu partido. 

Nos últimos doze anos o Brasil foi governado pelo mesmo partido e é possível afirmar que se o resultado da eleição de 2014 tivesse sido diferente, o fisiologismo não o seria tanto assim. Os partidos políticos (sejam de esquerda ou de direita – se é que ainda existe essa dicotomia) almejam o poder com a finalidade única de perpetuarem-se nos privilégios. 

É razoável um país possuir 39 Ministérios? É óbvio que não! Há a impressão que existe no Governo Federal (e tal prática se repete em administrações estaduais e municipais) o “Ministério da troca de lâmpada” e o “Ministério de girar a escada”. Esse fisiologismo é, também, um dos responsáveis pelo crescimento da corrupção. 

Essa totalidade de “cabides ministeriais” só possui um motivo para existir: pagar por compromissos partidários firmados em acordos eleitoreiros. O fisiologismo que se vê hoje não se diferencia muito daquele visto anteriormente a 2003, fato que demonstra algo que se clareia a cada dia: seja o partido “A”, seja o partido “B”, haverá sempre o sobrepujamento dos interesses privados em detrimento da satisfação dos anseios da coletividade. Só há uma saída para tentar dar fim a essa engrenagem depredadora: reforma política-administrativa. 

É preciso pôr fim à promiscuidade que existe entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, que se materializa pela distribuição de cargos, sem a observância de qualquer caráter técnico, bem como pelas famigeradas “emendas parlamentares”. 

O modelo político em vigor faz com que o chefe do Poder Executivo tenha que ceder a caprichos nada democráticos de membros do parlamento, em prol do que se calhou chamar de governabilidade (conjunto de condições necessárias ao exercício do poder de governar). 

O problema é que essa “governabilidade”, por vezes, deixa de lado o interesse público, quando este é confrontado com as exigências e ânsias dos partidos políticos. 

No mesmo sentido, uma reforma administrativa é urgente, eis que não mais se pode manter/custear um aparato estatal de tamanha magnitude. O povo foi às ruas para exigir mudanças, as quais não serão obtidas, simplesmente, com a troca do partido “A” pelo partido “B”. Reformas política e administrativa já!